domingo, 6 de março de 2016

Next Session - 10 March 2016 Room 0.07. 11 am.


WHAT IS SCIENCE?
The book is yellow and black with a gridded mobius strip.

Apologies for the delay in updating the blog. We're back though.


Last session was a really interesting one. We started a discussion about the meaning of science across various disciplines, which should keep us occupied for the next meetings. You can hear our discussion here

Ludwig kindly provided his summary of the session which you can read below. The objective for this next one is to continue this animated discussion. As always, everyone is welcome to attend.


"Na passada sessão, eu propus conceber a ciência como a procura pelas melhores explicações. Por um lado, porque me parece errado tentar definir a ciência como se a ciência fosse algo determinável por definição. Como um jogo ou um regulamento. A palavra “ciência” pretende referir algo cujos atributos não são arbitrários, no sentido de os podermos escolher. É daquelas palavras, como “baleia”, “evolução” ou “agricultura”, que serve para referir algo que, por não conhecermos totalmente, não podemos definir com toda a precisão mas que nem por isso se torna menos real e concreto.

Por outro lado, porque a procura pelas melhores explicações parece-me ser uma característica necessária e suficiente para que algo seja ciência. Não é razoável fazer ciência preterindo uma explicação que se sabe ser melhor em favor de outra que sabemos ser pior. Por isso, procurar as melhores explicações é necessário em ciência. E, se temos uma forma fiável de encontrar as melhores explicações, então é essa abordagem que a ciência irá adoptar. Qualquer que seja. Porque também não seria razoável, reconhecendo que aquele método é melhor para encontrar as melhores explicações, preferimos este aqui porque é mais científico apesar de não ser tão bom. Isto não faria qualquer sentido. Portanto, a ciência é um processo que aproveita tudo o que maximizar a probabilidade de encontrar as melhores explicações.

É verdade que esta noção de ciência é muito parca nos detalhes. Dizer que procuramos as melhores explicações não nos diz como fazer tal coisa e definir os detalhes operacionais da ciência é uma tarefa complexa. Se é preciso construir aceleradores de partículas, quantos anos de formação os técnicos necessitam, como avaliar a produtividade, como conformar resultados, se é melhor a revisão por pares antes da publicação ou a revisão e crítica aberta por toda a comunidade após a publicação, e assim por diante. Mas é fundamental não deixar que os detalhes escondam o objectivo, sob pena de deixar passar como científico aquilo que nada tem de ciência.

Por exemplo, um astrólogo pode dizer que formula hipóteses, que usa modelos matemáticos quantitativos, que recolhe dados com objectividade – datas de nascimento, posições dos astros e afins – e uma data de detalhes que têm todo o aspecto de serem científicos. Mas se insiste em algo que claramente não é a melhor explicação – e a melhor explicação para a astrologia é que se trata de ficção – então faz o oposto de ciência. Independentemente de quantos telescópios use ou quantas contas faça.

Na última sessão eu mencionei também que a ciência seria a procura honesta pelas melhores explicações e, com razão, a Ângela levantou algumas objecções a este requisito adicional. Em parte, isto vem de alguma experiência pessoal com criacionistas evangélicos, vendedores de banha da cobra e outras pessoas com algum interesse em deturpar a ciência para querer legitimar as suas crenças. Mas, em parte, porque todos temos alguma propensão para o auto-engano quando encontramos uma explicação melhor do que outra que nos é mais querida, seja por hábito, investimento, crença ou qualquer preferência pessoal.

Isto tem implicações importantes para a ideia de que há várias “ciências” com diferentes princípios mas todas igualmente fiáveis e meritórias. Por exemplo, alguém pode defender que a astrologia é tão científica quanto as outras ciências mas apenas assenta em premissas diferentes. Ou a teologia, o criacionismo evangélico cristão, o criacionismo muçulmano, etc. O problema é que a procura honesta pela melhor explicação não permite que se exclua que explicações se pode aceitar ou que se limite quais as explicações que podem ser substituídas por outras que se revelem melhores. A ciência é a procura pelas melhores explicações sem estas restrições. Todas estas variantes distinguem-se por procurar as melhores explicações apenas entre aquelas possibilidades que não contradigam um conjunto central de crenças do qual não querem abdicar.

Resumidamente, o que eu proponho é que não se tente definir o que é ciência pelos detalhes daquilo que se faz ou diz numa certa época mas sim pelo objectivo desse empreendimento, que é ajudar-nos a compreender a realidade. E isto consegue-se procurando as melhores explicações.

Deixo aqui algumas referências, começando por este curto vídeo do Richard Feynman explicando o método científico. Notem que onde ele diz “guess” e “possibility” podemos facilmente ver a referência a explicações pelas características que ele exige que estas tenham.

Envio também em anexo o texto de uma palestra do Feynman acerca do que é a ciência.

Esta TED Talk do David Deutsch também vale a pena, acerca do que é uma boa explicação. Penso que dá também uma boa visão da ciência como a forma de encontrar as melhores explicações. Se estiverem interessados nisto, recomendo o livro dele “Beginning of Infinity”.

Considerando o problema da demarcação na filosofia da ciência, sou favorável aos critérios baseados no progresso científico. Precisamente em linha com a ideia da ciência como uma procura pelas melhores explicações no contexto da rede de explicações já encontradas. Há um resumo aqui na secção 4.4 Criteria based on scientific progress (se bem que todo o artigo pode ser útil para a nossa discussão)"


Francisco also proposes a text about the concept of scientific history.

Luís offers another perspective on the unity of sciences

A lighter but interesting news article on literature as science here


See you next Thursday!